_Laze – eu disse –, precisamos de algo
para colocar nas costas dele.
_Ah, parem. – respondeu ela. – Nem deve
estar tão machucado assim. Deixem-me ver. – Kumu virou-se para que Laze pudesse
ver os machucados. – Nossa! Kyre, você o machucou mesmo! – disse-me ela, com
certa expressão de espanto.
_Não tive culpa! – respondi. – Era isso
ou deixa-lo cair na água!
_A água não iria machuca-lo tanto!
_My Mother! Não me julgue, não tive
culpa!
_Gente, caso tenham se esquecido, eu
estou sangrando aqui!
O sangue negro escorria por suas costas
lentamente enquanto Laze procurava algo na gaveta transparente de uma cômoda.
_Aqui, encontrei! – disse-me ela,
tirando um livro grosso do fundo de uma das últimas gavetas. A capa era de veludo
roxo bem escuro, quase preto.
_Porque não tem título na capa? –
perguntei.
_Porque não queremos uma pessoa comum
lendo isso. Não é qualquer um que saberia o quê fazer com isso, e poderíamos
ter problemas.
_E o quê é isso?
_Um livro de magia. É da minha mãe, por
isso vocês nunca viram. A essa hora, não encontraríamos mais nenhuma farmácia
aberta. Além do mais, feitiços curam mais rápido que poções.
Ela abriu o livro e começou a folhear
as páginas. Percebi que o livro todo era escrito em uma língua diferente,
desconhecida.
_Que língua é essa?
_Chama-se Anerike. A lenda diz que antigamente,
na Terra, existia uma língua falada apenas em um país. Anerike é como essa
língua, mas escrita de trás para frente. Provavelmente os humanos conseguiriam
ler muito facilmente, mas com os Monsters não é assim, já que não falamos a
mesma língua que os terrestres falavam. Aqui, encontrei! – ela apontou o título
“Sotonemarufrep” escrito em vermelho brilhante no alto de uma página.
Deitamos Kumu na beira da piscina com
as costas para cima e Laze, ajoelhada, colocou a mão sobre os ferimentos, a
aproximadamente 10 cm de sua pele. Ela começou a ler naquela língua estranha e
os ferimentos brilharam com uma luz branca e começaram a se fechar lentamente.
_Otnorp! – disse Laze, orgulhosa de si
mesma. – Significa “pronto” em Anerike.
_Bom, enfim. – começamos a nos
levantar. – Vem Kumu, vou tirar esse sangue seco das suas costas.
Levei-o até o banheiro e pedi um pano
velho para Laze. Molhei-o e comecei a limpar as costas de Kumu.
_Eu vou precisar de algumas frutas das
Séopes e Trimonds, vou lá pegar enquanto você limpa isso. – disse-me ela.
Apenas concordei com a cabeça.
_Olha Kyre... – começou Kumu depois que
Laze já havia saído. – Foi bom ela ter nos deixados sozinhos. Eu estava mesmo
precisando falar com você em particular.
_Tudo bem, diga.
_Faz um bom tempo que eu estou
esperando a oportunidade para te dizer isso. – comecei a estranhar aquela conversa,
mas não disse nada. – Eu estou gostando de... Uma pessoa... Conheço-a desde... Sempre,
pode-se dizer. Gosto dessa pessoa desde quando eu tinha apenas quatro eras.
_Não estou entendendo. – eu disse,
mesmo já tendo entendido tudo.
_Eu simplesmente criei coragem para te
contar isso. Que estou gostando dessa pessoa. – Laze entrou nesse momento. Eu a
vi, mas Kumu estava de costas para a porta. Ela parou subitamente,
provavelmente achando que Kumu falava dela. – Eu a amo muito, na verdade. Sempre
amei. Não sei como você nunca percebeu.
_Kumu! – chamou Laze.
Aconteceu tudo muito rápido. Kuum virou-se bem no momento em que
Laze correu em direção a ele e se jogou, beijando-o.
Continua na próxima semana...



